Paz para o mundo é a ausência de conflitos externos, mas e o que a gente faz com o que acontece aqui dentro de nós?
Os filmes da série divergente me fizeram refletir muito, e aguçaram meu dom pirético ?
O filme mostra um mundo pós-apocalipse, que alcançou a paz, ao menos um tipo de “paz”. O feito foi possível graças ao sistema de facções, que separa a sociedade em 5 tribos de acordo com a aptidão de cada pessoa: Abnegação, Franqueza, Amizade, Erudição e Audácia. No último filme da série, é revelado ? ? ? CUIDADO SPOILER ? ? ? tratava-se de um experimento social que fracassou, lógico, se eles tivessem uma Bíblia saberiam que não se conquista a paz com divisão e controle, mas com a liberdade em Cristo que restaura a comunhão entre Deus e o homem.
E pensando em divisões, me lembrei que o povo de Israel estava reunido em 12 tribos, cada uma com um chamado, caminhando juntas pelo deserto com o mesmo propósito. Até que, depois da conquista da terra prometida, e do reinado de Salomão, acontece o primeiro racha, Reino Norte e Reino Sul, e isso não foi nada bom, nada bom mesmo.
A igreja primitiva, conforme registrado em Atos, era heterogênea, ou seja, várias pessoas diferentes convivendo juntas em unidade, esse é o plano. Mas ao longo da caminhada, naturalmente nos aproximamos de pessoas que são semelhantes, e vamos nos parecendo cada vez mais com elas, e nos afastando cada vez mais dos outros, até que, para evitar conflitos e estabelecer a “paz” tomamos a mortal decisão: dividir, cada um para o seu lado. E de repente se o outro não passa no meu teste de semelhança, se ele é bom demais ou ruim demais, eu decido eliminar ele da minha convivência.
A paz dos homens, a ausência de conflitos, é perigosa. Precisamos das diferenças, dos divergentes, para aprender a conviver, para viver de verdade. Não tem nada de errado pertencer a uma tribo, mas obrigar as pessoas a serem iguais, limitar a identidade do outro para fazer ele caber num determinado conceito, dividir as pessoas para evitar atritos, levantar muros para não receber as diferenças, construir barreiras e não pontes, bom isso não tem nada a ver com o evangelho de Jesus.
Eu vejo isso bem nítido em dois movimentos da nossa geração de seguidores de Cristo: tradicionais X pentecostais
Cada pessoa tem um jeitão de ser, quando entregamos nossa vida para Jesus, Ele restaura nossa verdadeira identidade, e faz isso, conservando o que Ele mesmo colocou em nós de singular, único. Têm os mais estudiosos, os mais comunicativos, os que são os dois ao mesmo tempo, os que não se encaixam em nenhuma alternativa dessas aí rsss enfim, pessoas de todos os tipos. Aí, naturalmente por afinidade, você procura uma igreja que se pareça mais com o seu jeitão… tudo certo, é assim mesmo… aí começam a dar nomes para entender esses movimentos: tradicionais e pentecostais… tudo certo também, até que alguns desentendidos começam a distorcer a situação, o que era um movimento, vira doutrina, e começam a limitar a participação de quem é diferente do grupo: “- olha, aqui você não pode falar em línguas estranhas.” “- olha, aqui nós sabemos que você tem o Espírito Santo se você fala em línguas estranhas…”
“- Poxa, tem alguém muito diferente aqui no nosso meio, vamos passar essa pessoa pelo teste e se ela não for igual vamos retirar ela do grupo”…
As consequências da divisão são destruidoras.
De repente podemos identificar distorções no movimento, as pessoas se distanciaram do centro, as pessoas não estão mais imitando Jesus, agora elas só querem pertencer ao clube. Ao longo do tempo, os tradicionais radicalizados ficam extremamente racionais, endurecidos, céticos; e os pentecostais extremistas ficam excessivamente emocionais, emburrecidos, místicos.
Fiz um desenho para evidenciar o problema:
Precisamos voltar para Jesus, imitar Ele, respeitar e acolher as diferentes personalidades, e entender que a paz que excede todo entendimento não significa ausência de conflito, mas sim, estar com o seu interior pacificado, em comunhão com Deus.
E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os vossos corações e os vossos pensamentos em Cristo Jesus. Filipenses 4:7
Paulo escreveu isso ? quando estava na prisão! ?
Está nascendo uma geração de divergentes ? pessoas que têm intensidade no Espírito e também dedicação ao conhecimento da Palavra de Deus. Há um sorriso no rosto de Jesus, um forte vento de liberdade no Espírito sopra na igreja.
A Jerusalém celestial é livre! ? ? ?
? ? ? CUIDADO SPOILER NÍVEL HARD ? ? ?
No último filme da trilogia, a Tris chega em uma nova sociedade, atém do muro que os prende, um lugar onde as pessoas vivem com liberdade e qualidade de vida. Depois de conhecer aquela nova vida ela volta para o seu mundo para resgatar a sua sociedade. É exatamente assim a vida de um discípulo maduro, ele conhece a liberdade de viver o seu potencial em Jesus, e decide ir em direção a todos que ainda estão presos, para mostrar o caminho da liberdade e da paz que excede todo entendimento.
E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que proveis qual é a boa, agradável e perfeita vontade de Deus. Romanos 12:2